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Inundações “forçam” encerramento de quatro centros de saúde na Matola

Há quatro centros de saúde encerrados devido a inundações no Município da Matola. Os residentes dizem que, com o encerramento das unidades sanitárias, os serviços estão mais distantes.

São centros de saúde que deixam de servir à população sempre que chove. Um dos casos flagrantes é o do Centro de Saúde da Matola Santos, inaugurado em Dezembro de 2021, cuja construção custou 50 milhões de Meticais.

Desde a sua inauguração, o centro de saúde só funciona nove meses por ano, ou seja, quando chega a época chuvosa é encerrado devido a inundações. Em 2024 não foi diferente.

“Nós estamos a sofrer com água na Matola “A”. Este hospital, sempre que chove muito, fica encerrado e os profissionais de saúde são movimentados para outras unidades sanitárias”, contou Mingarda Sitoe, residente no bairro Matola “A”.

Com a unidade sanitária encerrada, as cerca de 65 mil pessoas que deveriam beneficiar-se com este centro buscam serviços de saúde em locais distantes.

“Nós somos obrigados a ter dinheiro para podermos ir às outras unidades sanitárias. São 30 Meticais para as duas viagens de ida e volta. Pedimos ajuda com este hospital. Imagina alguém que fica doente à noite ou uma mulher grávida. Fica difícil ter acesso a um hospital”, indicou Mingarda Sitoe.

E não será tão já que o centro de saúde voltará a funcionar.

“A situação deste centro de saúde é péssima. Assim, só daqui a uma semana é que  poderá voltar a funcionar. Daqui até ao Centro de Saúde da Matola “C”, hospital provincial ou Cinema 700, para termos cuidados de saúde. Não há outra saída. Mesmo tendo carro próprio, é longe. Então, imagina quem não tem. Estávamos acostumados a ter o centro de saúde por perto”, lamentou Jorge Matusse, residente nos arredores do Centro de Saúde da Matola Santos.

A Direcção dos Serviços Distritais de Saúde na Matola reconhece que a unidade sanitária foi construída no curso natural das águas, mas diz que o centro foi encerrado porque as vias que dão acesso a ele estão inundadas.

“Não temos acesso à unidade sanitária. Em termos de infra-estrutura e do local da unidade sanitária, não temos problemas, ela (a unidade sanitária) está num nível elevado em termos de cotas, porque foi construída para responder àquela demanda populacional, e o Governo já sabia”, assegurou Amélia Tembe, directora dos Serviços Distritais de Saúde da Matola.

E porque o Governo já sabia porquê, segundo a directora dos Serviços Distritais de Saúde da Matola, foi feito um estudo antes da construção do centro de saúde naquela zona. A limpeza constante das condutas é a solução.

“Temos a certeza de que teve sucesso, porque as águas já não ficam muito tempo. Temos uma bacia ali próximo da unidade sanitária, que faz a retenção, mas as condutas estão limpas, só que elas albergam águas de toda a Cidade da Matola a caminho do mar. Então, criam um bloqueio da entrada da unidade sanitária, mas um ou dois dias depois, temos acesso ao centro de saúde”, garantiu Amélia Tembe.

Mas os moradores do bairro Matola Santos desconhecem as referidas condutas e a bacia de retenção de água.
“Que vala o Governo fez? Não conheço tal vala. A vala que talvez estejam a referir é a que sai do Santos da empresa de matadouro, que não ajuda muito porque andam a entupir, mas não há vala feita, recentemente”, desmentiu Jorge Matusse, residente da Matola.

A quantidade de água que está no Centro de Saúde da Matola-Gare lembra um mar. A unidade sanitária está encerrada e é assim sempre que chove. “Eu frequento o Centro de Saúde da Matola-Gare, não tenho outro. Com esta situação de inundações, já não há como. Assim, tenho de ir até Machava para ter cuidados de saúde, e é muito longe”, disse Hermínio Cloman, residente da Matola.

Com o encerramento da unidade sanitária por tempo indeterminado, os utentes devem procurar cuidados de saúde em centros alternativos e, muitas vezes, não se localizam tão perto. “Qualquer tipo de doença, nós recorremos ao Centro de Saúde da Matola-Gare. Com a unidade sanitária fechada, teremos de os seguir onde estão e não deve ser aqui. É lamentável esta situação”, afirmou Olga, que reside nos arredores do Centro de Saúde da Matola-Gare.

A Direcção dos Serviços Distritais de Saúde na Matola tem uma explicação para a situação do Centro de Saúde da Matola-Gare. “É uma área baixa. As cotas das residências estão elevadas e as águas encontram espaço adequado para se acomodarem no nosso centro de saúde”, justificou a directora dos Serviços Distritais de Saúde da Matola.

A estas duas unidades sanitárias, juntam-se os Centros de Saúde de Bedene e Língamo, que também estão encerrados.
A alternativa às unidades sanitárias encerradas, estão os seguintes centros de saúde: Centro de Saúde da Machava II, Centro de Saúde da Matola C, Centro de Saúde de Malhampsene, Centro de Saúde de Muhalaze, Centro de Saúde de Nkobe.

A solução definitiva para os centros de saúde que são, constantemente, encerrados por conta das inundações, entende a Direcção dos Serviços Distritais de Saúde na Matola, passa por melhorar o sistema de gestão das águas da chuva.

Já na Cidade de Maputo, três unidades sanitárias foram encerradas por causa das inundações, nomeadamente, Centro de Saúde 1 de Maio, Centro de Saúde de Hulene e Centro de Saúde dos Bairro dos Pescadores.

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