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Helena Kida vai mediar conflito da Igreja Velha Apostólica

Na próxima semana, haverá o primeiro encontro entre as partes em conflito na presença da ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos. Hoje, Helena Kida reuniu-se com várias igrejas, e a tónica das preocupações apresentadas foi de contestação às lideranças.

A ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, vai mediar as conversações entre os membros em conflito da Igreja Velha Apostólica e que contestam o actual líder, Jaime César Matlombe. Helena Kida reuniu-se, hoje, com várias congregações, que se queixaram de líderes que supostamente extorquem crentes com base na fé.

O objectivo da reunião era saber dos principais desafios que as congregações religiosas enfrentam. E um deles é o conflito interno nas igrejas. É o caso do mediatizado litígio da Velha Apostólica, onde há membros que contestam a liderança na Província de Maputo.

E, uma vez mais, o caso foi trazido a público, no encontro desta segunda-feira com a ministra do sector religioso, tendo um membro do conselho de direcção da igreja explicado que Matlombe continua líder e que a sua saída do cargo só pode ser decidida pela conferência dos apóstolos a decorrer próxima semana, na vizinha África do Sul.

“Distanciamo-nos de todas as falácias. Somos pela paz, nós cultivamos a paz, nós plantamos a paz”, disse Hermenegildo Massango, membro do Conselho de Direcção da Igreja Velha Apostólica de Moçambique.

Os oponentes do líder da Igreja Velha Apostólica estavam também na sala e quiseram apresentar a sua versão, mas foi o próprio apóstolo Matlombe a barrar as explicações.

“Isto está a acontecer por falta de diálogo”, insistiu em dizer Elídio Mavume, membro da Igreja Velha Apostólica.

E porque a ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos entende que o caso deve ser resolvido com diálogo, prometeu liderar as conversações num fórum privado. Mas lembrou que as igrejas são “hospitais espirituais” e questionou: “se houver falência desses hospitais, o que será da nossa sociedade?”.

E as queixas sobre a actuação das lideranças de igrejas não paravam.

“Alguns irmãos desonestos buscam sul-africanos, buscam malawianos para virem extorquir o crente com base na fé, usando a palavra de Deus”, queixou-se Carlos Gasolina, membro da Igreja Pentecostal Internacional de Santidade, secundado pelo secretário-geral da mesma igreja, Arnaldo Bule, que diz, entretanto, que as instituições do Estado, particularmente o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, demoram responder às solicitações dos utentes quando procuram intervenções do Governo para evitar conflitos, destacando o facto de os membros da congregação terem submetido um documento em 2017, mas não houve resposta até agora.

Na resposta a esta preocupação, Helena Kida destacou um problema comum nas instituições do Estado, de que as soluções às preocupações dos utentes dependem de quem cumpre o mandato e não da flexibilidade institucional.

“Confesso que fiquei aliviada quando disse que se trata de um documento submetido em 2017. Eu sou de 2020 (como ministra), mas vamos resolver”, disse Kida.

Bom, porque as preocupações eram várias, propôs que houvesse encontros regulares, que serão de três em três meses. Destacou, entretanto, a necessidade de aprovação urgente da proposta de Lei da Liberdade Religiosa, que já está no Parlamento, porque, sem este instrumento legal, o Ministério fica limitado em intervir nos possíveis conflitos religiosos.

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