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Hama Thai investigou o líder e revela admiração em livro

“Este livro que hoje público, embora escrito por um general das Forças Armadas, é resultado de um longo trabalho de pesquisa académica que conferiu a António Hama Thai, em 2016, o título de Doutor em Gestão e Administração de Empresas pela Commonwealth Open University” – declarou o académico Nataniel Ngomane, numa espécie de chamada de atenção do público para a importância do livro que segurava na mão esquerda, enquanto procedia à sua apresentação.

Hoje tenente-general na reserva, Hama Thai conviveu muito com Samora Machel e participou da tomada de decisões estruturantes. Mas “não entendia” o suficiente o líder que havia por detrás do marechal e muito menos o alcance das decisões tomadas em momentos difíceis, como a criação e posterior abolição das aldeias comunais, a nacionalização de imóveis de rendimento que permitiram que muitos moçambicanos passassem a ter direito à habitação condigna, até à privatização da indústria de caju.

Vinte anos depois da morte do líder, António Hama Thai, finalmente compreendeu melhor as várias dimensões de Samora Machel e a conclusão a que chegou é que, de facto, conviveu com uma figura com alto sentido de liderança.

“Foi preciso entrevistar os colaboradores directos de Samora para colher o que eles sabiam e sentiam do seu chefe. Para mim, foi gratificante ouvir opiniões distintas de diversas personalidades que participaram no seminário sobre Samora no âmbito desta tese, hoje livro”, reconheceu o autor e provou a sua admiração resgatando casos que testemunhou: “aquele acto de 5 de Novembro de 1982, onde o Presidente da República distribuiu armas à população em pleno comício. Hoje alguém no planeta terra podia fazer coisa semelhante?”, salientou num monólogo seguido de uma certeza: “Samora fez isso!”.

Por que estudar Samora? Essa é a pergunta que parece óbvia para qualquer leitor e o general antecipou a resposta dizendo que podia ter investigado a liderança de outros líderes africanos, mas chegou a uma conclusão tão simples como esta – “Kwame Nkrumah, Julius Nyerere e muitos outros os achei não terem qualquer semelhança com o processo em Moçambique. É assim que considerou ser interessante e importante estudar Samora, sem preconceitos, nem ideias pré-assumidas”.

Com mais de 140 páginas, “Liderança e Processos de Decisão em Samora Machel” sai sob chancela da Imprensa Universitária e contou com a supervisão de académicos como o economista João Mosca, que na cerimónia de lançamento destacou esse facto, justificando com o facto de que “como vocês sabem, eu não sou militante de qualquer partido político”.

 

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