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Celso Correia diz que indústria de caju não vai colapsar com a saída da Olam

A multinacional do sector agrícola OLAM fez circular na semana passada um comunicado dando a conhecer a sua decisão de encerrar as suas unidades fabris de processamento da amêndoa da castanha de caju alegando falta de qualidade e quantidade da castanha bruta, o seu preço alto junto dos pequenos produtores bem como a conjuntura internacional marcada por preços baixos do produto processado. O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, diz que o Governo não recebeu qualquer comunicação oficial da empresa e que foi colhido de surpresa na imprensa.

No entanto, recorda que esse tem sido o histórico da empresa que há anos atrás ficou com unidades industriais de processamento do algodão mas depois abandonou-as do mesmo jeito que está a fazer com a castanha de caju.

Para o governante, tal como aconteceu com a indústria do algodão, a do caju também não irá colapsar só porque a Olam decidiu sair do mercado. Antes pelo contrário o dirigente aponta que dados da comercialização da castanha em curso indica um crescimento do volume de negócios no sector, tendo até ao momento sido comercializadas 130 mil toneladas de castanha bruta pelos camponeses do sector familiar, o que indica que poderá ter sido superada a fasquia de 150 mil toneladas de castanha de caju produzida na campanha agrícola em curso em todo o país. Por isso, o ministro diz com toda a convicção de que não há neste momento qualquer risco de o sector colapsar, até porque o rendimento das famílias produtoras subiu em relação ao ano passado.

O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural diz que respeita o Governo respeita a decisão da Olam, até porque a economia em vigor em Moçambique é de mercado, e deixa a garantia de que o Executivo deverá rever a sua relação com a multinacional porque é importante desenvolver relações sustentáveis que olham para o país a médio e longo prazo, até porque considera que o lucro imediato não traz bons resultados para quem tem políticas de desenvolvimento sólidas.

Apesar de tudo, Correia reitera que o Governo quer que a Olam continue no mercado nacional e diz acreditar que a sua vocação continuará a ser import-export, até porque a empresa importa cerca de 30% do óleo de cozinha nacional, que refina localmente, e é subsidiado pelo Governo que diz estar sempre aberto, se a empresa tiver disposição para discutir.

Celso Correia falava após uma visita à fábrica de processamento da castanha de caju da Condor Anacardium, uma das 10 em funcionamento, das 17 instaladas e das mais modernas e que emprega perto de 700 pessoas e produz anualmente 35 mil toneladas de castanha de caju processada. A visita serviu para lançar o fundo de garantias bancárias de cerca de 1,5 milhão de dólares disponibilizado pelo Governo para facilitar que as empresas do sector de caju possam ir buscar financiamento bancário a preço razoável para financiarem as suas operações.

Correia realçou que aquela não era a primeira vez que a Condor se beneficiava do fundo e que o mesmo está aberto para todas as empresas que operam no sector. E o acordo serviu para a Condor respirar de alívio porque diz que já enfrentava problemas de liquidez resultante da crise que o sector enfrenta já há quase três anos resultante da alta de preços da castanha bruta e dos baixos preços praticados no mercado internacional para a castanha processada. Mas a empresa, falando em nome do sector disse ser urgente haver uma revisão do quadro legal do sector para permitir que seja lucrativo fomentar e processar a amêndoa da castanha do caju em Moçambique.

Em relação a este aspecto o titular do pelouro concorda, mas diz que não se pode perder de vista o ponto de partida do sector da castanha de caju, que é a geração de renda para as famílias produtoras que são a base do sector. Elas devem continuar a ver seus rendimentos melhorarem com a comercialização da castanha, mas as indústrias também devem ter lucro e continuarem a expandir seus investimentos. Por isso concorda que esta é uma equação que deve ser resolvida o mais rápido possível para que o sector possa prosseguir sem grandes constrangimentos.

Do lado do ministério que dirige, Correia deixou a garantia de que tudo está a ser feito para se aumentar a produtividade dos cerca de 80 cajueiros plantados em cada hectare no país através na multiplicação e dinamização das campanhas de pulverização que este ano deverá abranger 2 milhões de cajueiros para além da multiplicação e plantio de mudas que devem ascender a quatro milhões em 2021.

O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural falava na visita que efectua à província de Gaza onde está a fazer a monitoria da campanha agrária 2020/21 e a implementação do programa Sustenta, para além de avaliar o impacto das inundações que fustigam a província.

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