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Taxa de referência para créditos bancários aumenta de 15,5% para 17,80% em Março

A taxa de referência para créditos bancários irá aumentar para 17,80 por cento em Março próximo. Trata-se da maior subida da prime rate desde Março do ano passado. Em Janeiro e Fevereiro do presente ano a taxa era mantida em 15,50% pela banca.

Este aumento ocorre após reduções sucessivas, desde Março de 2020, quando a taxa de referência para créditos atingiu 18%. O aumento de Março sugere que o crédito bancário poderá ficar mais caro para os clientes, isso se, todas as outras variáveis forem mantidas inalteradas.

O economista Yasfir Ibraimo considera que este agravamento já era esperado, como consequência da última decisão do banco central de agravar a taxa de juro de política monetária em 300 pontos base, de 10,25% para 13,25%. No seu entender, o agravamento da taxa poderá encarecer o crédito bancário e sufocar as famílias e as empresas.

“A subida da prime rate, quase ao nível de 2020, em termos homólogos, representa uma subida no custo do capital, o que poderá afectar a capacidade das famílias e das empresas de se financiarem no mercado financeiro nacional”, considera o economista.

Yasfir Ibraimo entende ainda que num contexto em que a actividade económica está a abrandar (olhando para o último relatório do INE que mostra a contracção da actividade económica no último trimestre de 2020), o agravamento tornará ainda difícil aos agentes económicos honrarem os compromissos com a banca comercial, o que poderá agravar o crédito mal parado.

“Esta subida sufoca as Pequenas e Médias Empresas (PME), o sector privado nacional, nos seus programas de renegociação da dívida com a banca comercial. Muitas empresas recorrem à banca comercial para cobrir défices de tesouraria, o que poderá agravar o desemprego e uma contração no rendimento das famílias. Em última instância, estas medidas dificultam a capacidade das empresas desenvolverem capacidades produtivas, reduz a capacidade de produção nacional e agrava a dependência de importação da nossa economia”, comenta ainda o economista.

Prime rate é uma taxa definida pelo banco central e pela Associação Moçambicana de Bancos e aplicadas em créditos bancários, sejam eles, novos, em renovações e renegociações. Costuma ser somada ou subtraída a uma margem chamada spread mediante o risco associado ao crédito.

No entender do sector privado, estas taxas deviam ser acompanhadas por políticas governamentais que aliviem as empresas, como o corte dos impostos ou o diferimento do seu pagamento. É um agravamento que visa, por parte do Banco de Moçambique, controlar a inflação, devido aos riscos existentes na economia, mas por outro lado, poderá complicar a vida das empresas que já estão a ser fortemente arrasadas pela pandemia da COVID-19.

Importa lembrar que esta semana, a Confederação das Associações Económica de Moçambique (CTA) disse que espera uma deterioração do ambiente macroeconómico no primeiro trimestre deste ano. Os patrões, representados pela CTA, também já esperavam pelo aumento do custo do capital no primeiro trimestre do ano 2021, como efeito da subida da taxa de juro de política monetária (MIMO) em 300 pontos base em Janeiro de 2021.

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